MES PSOL

Movimento Esquerda Socialista

Um pouco do que somos e o que defendemos


O PSOL é um partido democrático e socialista que tem como objetivo estratégico construir um novo modelo político e econômico para o país no qual trabalhadores e classes médias decidam e comandem. Em seu funcionamento interno, garante a seus militantes o direito de se organizarem em tendências, agrupamentos internos para influenciar os rumos do partido.



O MES é uma dessas tendências. Surgiu antes mesmo do partido, em 1999, sendo uma das correntes fundadoras do PSOL. Luciana Genro é sua principal porta-voz, e encabeçou a luta contra a traição do PT em 2003, impulsionando, com centenas de outros militantes, o início da construção do novo partido. O MES esteve na linha de frente da coleta das 500 mil assinaturas para legalizar o PSOL, cuja presidente é Heloísa Helena.



Atualmente, a corrente tem quatro companheiros que integram a executiva nacional do PSOL: Mário Agra, tesoureiro, Pedro Fuentes, secretário de Relações Internacionais, Edilson Silva, presidente do PSOL de Pernambuco, e Roberto Robaina, presidente do PSOL do Rio Grande do Sul.



A construção do MES está ligada à construção do PSOL. Nossa sorte está ligada a sua sorte. Os fracassos do partido e suas debilidades são nossos, assim como seus acertos e progressos. Não fizemos nada sozinhos, mas somos parte fundamental do que foi feito. Passamos pela prova das eleições, rompendo a marginalidade. Temos uma figura de massas como Heloísa Helena, e figuras como Luciana Genro se converteram em sólidas referências nacionais e pólos de poder local. O MES está presente em diversos estados: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pará, Pernambuco, São Paulo, Piauí, Alagoas, Roraima, Rondônia, Bahia, Paraíba, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Tocantins, além do Distrito Federal.



Em sua primeira eleição municipal, em 2008, em Porto Alegre foram eleitos vereadores Pedro Ruas, com a segunda maior votação da cidade, e representante da juventude Fernanda Melchionna, dois quadros políticos do PSOL e do MES. Nacionalmente, a eleição em Maceió de Ricardo Barbosa também foi uma vitória da corrente, junto com Heloísa Helena, que obteve a maior votação do país proporcionalmente.



Como o MES vê o PSOL



Nossa corrente defende que o PSOL precisa se postular como alternativa no terreno da ação direta, em greves, marchas e eleições, ser parte ativa de todas as lutas, divulgando, prestando solidariedade. Esse é um palco privilegiado da construção de uma alternativa e da construção do partido. O PSOL deve se preparar para importantes desafios eleitorais, pois tem ainda pouco peso estrutural, orgânico, uma militância ainda jovem. Mas a localização do partido, sua influência eleitoral em setores sociais – minoritários, mas de massas – deixa claro que podemos cumprir um papel objetivo e mudar a realidade, se atuarmos com vontade política. Devemos nos preparar para intervir em todos os estados, apresentando nosso partido nas ruas e nas eleições.



O papel do PSOL não pode ser contemplativo. O partido necessita se postular como alternativa política. Isso significa se apresentar nas disputas eleitorais com determinação, disputando a influência de massas. Mais do que isso, o partido precisa se apresentar como impulsionador da luta direta, apoiador, incentivador, organizador. Foi isso que fizemos quando apoiamos a greve dos policiais militares de Roraima, com Luciana Genro indo até o quartel, junto com nossos dirigentes do partido tanto no Estado quanto da Executiva Nacional. Eles militaram para garantir a solidariedade a uma greve com aquartelamento que pautou a situação política local durante todo o mês de abril de 2009. Uma greve fundamental, que foi boicotada pela mídia, dirigida por camaradas filiados ao partido, expressão de que, embora a situação política nacional não seja pautada pelo ascenso, apresenta importantes conflitos de classe no qual o partido pode e deve jogar um papel. Mas é preciso que esse tipo de participação seja muito mais forte e envolva o conjunto do partido e de sua direção. Podem acontecer muitos outros Roraimas.



O papel de um sujeito político revolucionário, de um partido que queira transformar a realidade radicalmente não pode se limitar a acompanhar os movimentos sociais. Apoiar os movimentos é o mínimo, mas o partido deve ir além. Deve também se postular como elo de lutas diversas e, hoje, dispersas, algumas organizadas, mas a maioria com componentes explosivos, populares, de bairros, de cidades, sem conexão entre si, na maioria das vezes distantes das superestruturas atuais, burocráticas e acomodadas demais, como a CUT, ou pequenas, pouco representativas. Ser o elo entre as ações de classe não é tarefa fácil. Mas é uma tarefa determinante e um desafio estratégico, um objetivo a ser perseguido nos próximos anos. O partido deve ser protagonista e, enquanto sujeito político, contribuir na construção da identidade do sujeito social, como liga e impulso para que os trabalhadores e as classes médias empobrecidas defendam e lutem por seus interesses. Deve fazer isso sempre movido por uma estratégia de luta contra o poder burguês e em defesa de um novo modelo político e econômico alternativo para o país. A defesa desse novo modelo significa ter propostas claras em defesa de medidas democráticas e contra a corrupção; e medidas econômicas e sociais que façam com que não sejam os trabalhadores os que paguem a conta da crise econômica que se abate sobre o país.



Assim, consideramos totalmente improdutiva as discussões que tentam construir uma falsa polêmica entre aqueles que supostamente defendem a luta contra a corrupção como eixo contra aqueles que defendem o enfrentamento à crise econômica. O partido deve adotar uma política nacional global, que seja cruzada pela necessidade de uma proposta de emergência diante da crise e que ao mesmo tempo assuma a defesa de bandeiras democráticas radicais, dentre as quais, a luta contra a corrupção tem grande relevância. Essa é a posição do MES.



No Rio Grande do Sul, o PSOL tem dado um exemplo de como se combina a luta social e econômica com a luta contra a corrupção. Não faremos uma lista de exemplos, mas citaremos apenas um: as denúncias de corrupção feitas pelo PSOL contra o governo do PSDB. Em 19 de fevereiro de 2009, apresentamos as denúncias de roubos realizados pela própria governadora Yeda Crusius. O partido foi para o centro do ringue. A conjuntura do Estado ganhou uma enorme ebulição e o governo escorregou na crise. O partido ganhou popularidade e o movimento social ganhou um fôlego fundamental no combate à governadora. O Cpers, principal sindicato do Estado, que vinha também combatendo a política do governo, ganhou ar para atuar melhor. O partido foi acusado pela mídia burguesa de acusar sem provas. Mas uma parte do povo se manteve firme, acreditando no PSOL e em suas denúncias. O Cpers seguiu firme na campanha do Fora Yeda, sendo o principal lastro social do partido. O governo do Estado, por sua vez, preparava ataques ao plano de carreira dos professores e funcionários de escolas para obrigar o sindicato a mudar de pauta.



Em seguida, as denúncias do PSOL foram confirmadas pela edição de 8 de maio de 2009 da revista Veja, mostrando gravações, algumas expressando o mesmo conteúdo das denúncias do PSOL. Todos tiveram que reconhecer esse fato, o governo estadual mergulhou na crise e os movimentos sociais, em particular o principal sindicato do Estado, também obtiveram uma importante vitória, também econômica: com a crise do governo, não há chance de aprovarem o plano de carreira e assim se confirma o acerto do Cpers em ter assumido a luta pelo Fora Yeda (tendo como argumento central a corrupção no governo) como centro de suas reivindicações. A conclusão é óbvia: a luta do partido contra a corrupção não apenas o postula, mas também contribui e representa um ponto de apoio aos movimentos sociais e à luta contra os ataques ao seu nível de vida.



Nossa corrente, portanto, defende a unidade de ação do PSOL para que todos juntos postulemos o partido como uma alternativa capaz de organizar a vanguarda lutadora e disputar influência de massas, passos sem os quais não se pode pensar seriamente em alcançar o principal objetivo programático do PSOL em sua fundação: a conquista de um governo dos trabalhadores e do povo. Ao mesmo tempo, enfatiza que necessitamos nos fortalecer como um partido de ação. A crise não nos permite pausas. Nos obriga a aparecer ante às massas de maneira sistemática, todos os dias, com propostas para enfrentar a crise e a regime.



Elementos da posição do MES sobre a estratégia da esquerda



Reivindicado o objetivo da construção de uma sociedade cujo homem não seja o lobo do próprio homem, não há como pensar seriamente na conquista desse objetivo sem a elaboração de uma estratégia. E a estratégia não se realiza sem a combinação de uma série de táticas. São essas questões que ocupam ao longo das décadas o debate entre reformistas e revolucionários.



Sempre tensionado por esse conflito, o PT não conseguiu resolver corretamente essas questões do ponto de vista da revolução. A posição reformista, majoritária no núcleo de direção partidária, acabou se impondo com cada vez mais força. De partido da classe trabalhadora com forte influência política, teórica, cultural e socialista, converteu-se num partido da ordem, defensor do capitalismo. Cada vez mais abertamente reformista, terminou defendendo o reformismo sem reformas. Foi a experiência de um projeto que se converteu em seu contrário.



Pretender esgotar a maneira como se desenvolveu esse processo seria muita pretensão. Há razões que, de qualquer forma, saltam à vista. As bases objetivas dessas transformações podem ser encontradas no longo refluxo dos anos 90, na ascensão do neoliberalismo, com a reestruturação produtiva, debilitamento do movimento operário industrial no Brasil, tudo isso na esteira da queda do muro de Berlim e na quebra das esperanças de milhões de pessoas no mundo todo, na perspectiva de superação do capitalismo. Tudo isso pesou fundo. São razões objetivas, porém não explicam tudo. O PT teve uma base teórica equivocada num ponto pouco discutido, e que deve ser encarado para que se extraiam conclusões de uma experiência que não se pode negar como repleta de lições. Vejamos passo a passo.



O PT partiu de uma definição certa: a importância das eleições no Brasil desde sua fundação até os dias atuais. Em particular, desde 1989 a disputa presidencial tem sido, aos olhos do movimento de massas, o momento mais importante – a rigor, apenas nesses períodos isso ocorreu na história recente do país – de disputa em que a questão do poder está colocada. O PT adotou as eleições como prioridade de sua atuação. Mas dessa decisão resolveu mal um problema determinante: a relação entre as eleições e a insurreição ou a força física das classes em confronto.



Se no início o PT pôde realizar a combinação entre os movimentos sociais e a participação eleitoral, onde então esteve o equívoco político e teórico que permitiu mudanças tão bruscas em relativamente tão pouco tempo? Há alguma relação entre as formulações históricas do PT e sua política após assumir o governo? Seguindo na mesma pista, visualiza-se um elemento de continuidade entre a origem do PT e seu curso atual, mostrando a evolução do partido. Sua ruptura com o seu passado, assim, encontraria uma explicação teórica num ponto de continuidade para que o partido esteja atravessando o rubicão, para usar a mesma expressão de Lênin referindo-se ao dirigente alemão Karl Kautsky. Sua base também está na vacilação acerca da natureza do Estado, vacilação presente desde o início na vida do PT.



Já no manifesto de fundação do PT, de fevereiro de 1980, afirmava-se que “o país só será efetivamente independente quando o Estado for dirigido pelas massas trabalhadoras. É preciso que o Estado se torne a expressão da sociedade, o que só será possível quando se criarem as condições de livre intervenção dos trabalhadores nas decisões de seus rumos. Por isso, o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática…”



Parece uma questão menor, sem importância, mas não é. Sobre essa definição está a base da confusão, ou melhor, do “desvio” que já embutia uma acomodação do PT no regime político democrático-burguês. Quer dizer, o objetivo do partido foi desde o início a mudança do Estado, não sua destruição, como Marx, Engels e Lênin definiam a tarefa estratégica dos revolucionários. Ficava evidente que o partido adotava uma estratégia que não percebia o Estado como expressão da sociedade na qual a burguesia é a classe dominante, de tal forma que a derrota desse Estado, avalista e garantia do domínio burguês, era necessário para derrotar a dominação de classe. E para mudar o Estado, a utilização da cédula eleitoral pode ser suficiente.



Mesmo no V Encontro Nacional do PT realizado em 1987, momento em que teoricamente as posições partidárias estiveram mais próximas de uma estratégia socialista, a confusão também esteve evidenciada. Na análise da correlação de forças entre as classes, as teses aprovadas sustentavam que não existia nenhuma possibilidade de uma crise revolucionária no país, descartando, portanto, a luta pelo poder dos trabalhadores como tarefa do período. Contraditoriamente, as teses assumiam a possibilidade do PT chegar ao governo pela via eleitoral e, desde o governo, aplicar seu programa de ruptura com o capitalismo. Do ponto de vista político, isso foi a essência do que mais tarde ficou conhecido como programa democrático e popular.



Assim, o partido assumia como possível a aplicação de um programa de ruptura com o capitalismo aplicado por um governo eleito nos limites do regime democrático burguês e descartando, apesar disso, a eclosão de uma crise revolucionária. A hipótese de vitória eleitoral de Lula de fato esteve colocada em 1989, e o programa continha medidas de ruptura com o capitalismo dependente e subdesenvolvido. Mas tal hipótese não implicaria, necessariamente, na tentativa de aplicar tal programa, porque não estava garantido que uma vitória de Lula significaria de fato a aplicação do programa de ruptura. O compromisso de Lula nunca foi seguro. Em segundo lugar, caso Lula tratasse de aplicar o programa petista de 1987, ou mesmo o apresentado na campanha de 1989, as classes dominantes renunciariam o terreno legal, e a arma da disputa entre as classes estaria distante de resumir-se à utilização da cédula eleitoral. Estaríamos diante da realização da hipótese tática da II Internacional, avalizada por Engels, antes do giro do oportunista.



Logo, ou a perspectiva da crise revolucionária e da luta revolucionária pelo poder estaria colocada como tarefa presente, mesmo que fosse logo após as eleições, com a burguesia rompendo sua própria legalidade, ou o programa do V Encontro não sairia do papel, do terreno das intenções declaradas nos debates partidários. Em ambos os casos, estaria confirmada a posição marxista acerca da impossibilidade de uma transformação radical da sociedade sem o enfrentamento violento com as classes dominantes, sem o enfrentamento contra o Estado burguês e, portanto, sem situação ou crise revolucionária, por mais que as eleições pudessem jogar um papel de primeira ordem na tática da disputa. Dessa armação contraditória – impossibilidade de crise revolucionária e a possibilidade de aplicação de um programa de ruptura, anticapitalista, pela via eleitoral -, fortaleceram-se as ilusões constitucionais, a idéia de viabilidade de mudanças profundas com a mera vitória eleitoral.



No caso concreto, a maioria da direção do PT, ao defender a estratégia de mudar o Estado, não de derrotá-lo, acabou mantendo-se nos limites da ordem capitalista. Vendo as questões mais de perto, cabe ver o que Lukács dizia sobre esse tema. “A grande diferença entre marxistas revolucionários e oportunistas pseudomarxistas, é que os primeiros consideram o Estado capitalista exclusivamente como fator de poder contra o qual há que mobilizar a força do proletariado organizado, ao passo que os segundos concebem o Estado como uma instituição acima das classes, cuja conquista é o objetivo da luta de classes do proletariado e da burguesia. Mas ao conceber o Estado como objetivo do combate e não como adversário na luta, estes últimos colocam-se já, em espírito, no terreno da burguesia: têm assim a batalha meio perdida antes mesmo de a terem começado. Com efeito, toda a ordem estatal é jurídica (a ordem capitalista mais que todas), se baseia, em última análise, no fato de que sua existência e a validade de suas regras não levantem nenhum problema e sejam aceitos como tais.” (História e consciência de classe, 1974, p. 243) Ainda segundo Lukács, a transgressão dessas regras, em casos particulares, não acarreta em qualquer perigo especial para a manutenção do Estado.



Vale uma última palavra sobre a relação entre eleições, programa e confronto social. A experiência da América Latina tem demonstrado que se pode ganhar eleições e promover profundas mudanças no Estado de natureza progressista. Em geral, não chegam a destruir o Estado burguês e construir um Estado democrático de novo tipo. Mas mudam questões fundamentais e, pelo menos nas experiências concretas de Venezuela, Equador e Bolívia, conquistam regimes políticos qualitativamente mais avançados. Concretamente, todos esses países se tornaram independentes do imperialismo. Mas se iludem aqueles que acreditam que essas mudanças se deram pela mera utilização da cédula eleitoral. Não há como explicar o fenômeno do chavismo sem o Caracazo, levante popular que produziu um trauma social, com mais de 4 mil mortos. Desde 1989, as massas populares do país caribenho lutaram para dar o troco nas classes dominantes. A vitória eleitoral de Hugo Chávez foi produto direto desse ascenso sustentado ao longo de uma década. No Equador, ocorreram várias insurreições antes da vitória de Rafael Correa. Na Bolívia, também antes de vencer nas urnas, os camponeses, populares e mineiros venceram nas ruas a repressão do regime burguês. Ou seja, nesses países os processos eleitorais foram fundamentais, mas se combinaram com fortes lutas sociais, com ação direta e confrontos. Todos eles atravessaram situações e crises revolucionárias. Para isso que devem se preparar todos os que almejam reais mudanças também no Brasil.



Qualquer outra perspectiva significa desconhecer a natureza das reações contra as mudanças políticas substanciais. Significa atribuir um caráter pacifista e reformista para a chamada tática do desgaste da II Internacional, estruturalmente muito difícil de ser realizada em nosso país, com pouquíssima tradição de democracia burguesa e, sobretudo, com alto grau de violência social e política, esta promovida pelas classes dominantes. A possibilidade aberta em 1989 foi uma exceção, desdobramento do desconcerto burguês diante da crise da superinflação e do desgaste da Nova República. Uma surpresa para todos. Uma situação similar não pode ser descartada no futuro. Mas trabalhar por essa hipótese, para que de fato seja exitosa, significa trabalhar para que o movimento de massas tenha capacidade de resposta e de ofensiva no terreno da força social, política e militar.



O programa democrático e popular no seu aspecto político terminou assumindo uma posição etapista. Seu grave erro foi desconsiderar duas questões determinantes: a) somente poderosas lutas sociais, confrontos de classe e o poder dos trabalhadores podem realizar um plano de emergência popular; b) a burguesia é opositora radical desse programa. Por isso é preciso preparar-se para os confrontos inevitáveis antes, durante e depois da conquista do poder dos trabalhadores.



Tendo essa questão clara, pode-se atuar aplicando todas as táticas, inclusive hierarquizando a disputa eleitoral presidencial como uma prioridade da política partidária. Tal hierarquia, com a compreensão marxista da relação entre as eleições e a necessidade da força social física das classes trabalhadoras como condição indispensável para a vitória e, sobretudo, para a aplicação de um real programa democrático e anticapitalista, reafirma, e não debilita nem desvia da estratégia central e permanente dos marxistas revolucionários, a defesa da mobilização de massas para construir outro regime político. Um regime de natureza democrática, controlado pela população, cujo poder econômico não domine o político e, portanto, sofra uma forte intervenção pública numa transição de uma economia de mercado para uma economia social, a serviço da maioria da população.