sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A semana vista pelo PSOL

França vai a guerra contra reforma da previdência

Nesta semana, a população francesa está nas ruas contra a reforma da previdência proposta pelo presidente Nicolas Sarkozy, que aumenta a idade para aposentadoria de 60 para 62 anos. Trabalhadores de diversos setores – refinarias, ferrovias, caminhoneiros etc – paralisam a França contra essa proposta nefasta que visa satisfazer o mercado financeiro. Os estudantes também participam das manifestações, pois sabem que a reforma irá fazer com que trabalhadores tenham de ficar mais tempo trabalhando e, assim, postos de trabalho deixarão de ser gerados para os mais jovens.

O presidente Sarkozy alega que “a mudança é essencial para equilibrar as contas da previdência”, porém, quando são os banqueiros que precisam “equilibrar suas contas”, os governos (inclusive os da União Europeia) imediatamente dão trilhões e trilhões de dólares de ajuda, às custas da explosão da dívida pública. E depois fazem os aposentados pagarem essa dívida ilegítima.

A mobilização na França é um exemplo para as lutas que travaremos aqui no Brasil, contra as reformas neoliberais que se avizinham no futuro próximo.


Brasil: renda média real do trabalho cresceu apenas 8,8% desde 2002

Nesta semana, a grande imprensa noticiou que a renda média do trabalhador brasileiro (segundo o IBGE) foi a maior da série histórica iniciada em 2002, para um mês de setembro. À primeira vista, tal dado daria a entender que o mercado de trabalho no Brasil vive às mil maravilhas.

Porém, se analisarmos detalhadamente a tabela do IBGE (diponível no site do instituto), veremos que, nos anos de 2003 até 2007, tal renda média ficou abaixo do nível de 2002, somente se recuperando a partir de 2008, e tendo atingido em 2010 esse pífio nível de 8,8% acima de oito anos atrás.
Ou seja: o próprio governo atual colocou o “bode na sala” e agora está retirando-o.


Enquanto trabalhadores recebem migalhas, continua farra dos rentistas

Apesar de constantemente propagandear que a dívida não é mais problema, argumentando que já “pagou o FMI”, o governo brasileiro segue tentando reduzir o enorme fluxo de capitais que chega ao país para ganhar com as taxas de juros mais altas do mundo da dívida interna. Nestas últimas semanas, o governo tomou diversas medidas, como o  aumento do IOF – Imposto sobre Operações Financeiras de 2% para 6% sobre a entrada de capitais estrangeiros para a renda fixa (ou seja, dívida pública).

Esse enorme fluxo de dólares para o país tem provocado a desvalorização da moeda americana frente ao real, o que dificulta as exportações e barateia as importações, gerando grande rombo nas contas externas e destruição da indústria nacional. E o principal: provoca os ganhos dos especuladores com a dívida interna, às custas do povo.

Esee processo ganhou força em 2006, quando o atual governo isentou de imposto de renda os ganhos dos estrangeiros com a dívida interna. Agora, assustado com o enorme fluxo estrangeiro, tenta tributá-lo.
Porém, para acabar com essa farra dos rentistas, é necessário reduzir significativamente as taxas de juros, controlar os fluxos de capitais e auditar a dívida.


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre a França

                          LLAMAMIENTO UNITARIO DE 450 SINDICALISTAS

Juntos por la retirada del proyecto de ley sobre las pensiones y por nuestras reivindicaciones
Ahora es necesaria una movilización reconducible para bloquear el sistema económico

Tras el Parlamento, el Senado va a votar la ley de contrarreforma de las pensiones que prolonga el número de años de trabajo para todas y todos y penaliza aún más los asalariados y asalariadas con contratos discontinuos, las mujeres y quienes están expuestos a trabajos penosos. Esta reforma sólo tiene el objetivo de sacar más beneficios de las espaldas de trabajadores y trabajadoras socavando las bases de nuestro sistema de pensiones para dejarlo en manos de aseguradoras y bancos.


El trabajo de explicar ese ataque llevado desde hace meses, la unidad de acción sindical, los/las millones de manifestantes de las movilizaciones de mayo, junio, setiembre y octubre, han creado una relación de fuerzas que muestra que los y las asalariadas pueden ganar e imponer al gobierno la retirada de su proyecto de ley. A pesar de la desaprobación masiva, este gobierno con el agua al cuello de su corrupción y deriva racista, rechaza retirar su proyecto, intentando imponer una derrota y un retroceso mayúsculo al movimiento social.

Los próximos días serán decisivos. Por todas partes aumenta la cólera y la voluntad de movilizarse. Nuestras reivindicaciones sobre los salarios, las condiciones de trabajo, el empleo, se añaden en todas partes a nuestro rechazo a este retroceso social.

Sindicalistas de CGT, SOLIDAIRES, FSU, FO, CFDT,CNT, CDMT, CTU, LAB, STC, ponemos toda la carne en el asador para que, desde ahora, se desarrolle un movimiento interprofesional, general, de amplitud en todo el país: está a la orden del día la huelga general, reconducible, el bloqueo de la economía por aquellas y aquellos que producen la riqueza pero no se pueden aprovechar de ella.

¡Ahora es el momento de ir hacia ella, para vencer!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O partido do deputado Fraga não se rende

Coloco abaixo meu artigo publicado no jornal Correio do Povo desta segunda-feira, 18 de outubro.

O partido do deputado Fraga não se rende

Roberto Robaina

O balanço do PSol é medido nacionalmente. O saldo é positivo porque conquistamos duas cadeiras no Senado e três deputados federais. Com estas conquistas institucionais fica difícil a aprovação de projetos burgueses e antidemocráticos – defendidos por gente do PT e do PSDB – que tentam excluir o PSol dos debates eleitorais. Ao mesmo tempo, o PSol teve perdas graves. Heloísa Helena perdeu para a máquina de poder – apoiada por Lula – de Renan Calheiros e Collor. Luciana Genro também fica de fora do Congresso Nacional.

No caso de Luciana, constatamos a distorção do sistema eleitoral. Apesar de ter sido a segunda mais votada da Capital e a oitava do Estado, candidatos com muito menos votos assumirão em seu lugar. Os eleitores pensam que estão votando em uma pessoa, mas, na realidade, estão votando em um partido, em uma coligação. Tiririca, em São Paulo, recebeu mais de 1 milhão de votos e carregou com ele mais três deputados, todos com baixa votação individual. Aqui, no Rio Grande do Sul, temos um deputado (Alexandre Roso, do PC do B) que foi eleito com 28 mil votos. Enquanto isso, Luciana Genro teve 130 mil votos.

Influenciou no resultado do PSol a força da onda petista e, na última hora, a onda verde. Em particular, aqui no Rio Grande do Sul, o PT estava fortíssimo, tanto que elegeu Tarso no primeiro turno, a primeira vez que isso ocorre na história do Estado. Mas, em nosso balanço, reivindicamos uma clara vitória política: foi o PSol que desmascarou o governo Yeda e impediu que o PSDB tivesse força para ganhar as eleições. Como ela não caiu por força do impeachment, mas, sim, pelo voto, quem capitalizou eleitoralmente essa derrota de Yeda foi o PT, já que, pelo nosso tamanho e nossa estrutura, não aparecemos ainda como uma alternativa de poder.

Agradeço meus 31.310 votos. Estamos com energia para continuar a luta.

Luciana Genro, Pedro Ruas, Fernanda Melchionna, nossos militantes, seguirão firmes e coerentes. Luciana Genro está pronta para os próximos embates, no dia a dia das lutas do povo e no próximo pleito, disputando como vereadora. Nosso partido não se rende. Somos formados por gente como Marcelo Freixo, que acaba de se reeleger deputado estadual no RJ.

Para quem não sabe, Marcelo é o inspirador do personagem Fraga, o deputado que combate as máfias corruptas no filme “Tropa de Elite 2″. Seguiremos com ele e com milhares de guerreiros pela causa do povo.

presidente do PSol/RS

A semana vista pelo PSOL

Na semana passada, analisamos como o poder econômico influenciou a disputa para deputado federal no Rio Grande do Sul. Na edição desta semana, ampliamos essa análise para todo o Brasil, destacando importantes participações do PSOL na disputa eleitoral de 3 de outubro, em diversos cargos e estados.
Boa leitura!

Como seriam as eleições sem o poder econômico? (2) – Análise Nacional

As eleições no Brasil são um jogo desigual, onde candidatos ligados aos interesses do poder econômico recebem doações para a campanha que desequilibram a disputa. Tais recursos permitem a contratação de centenas de cabos eleitorais, carros de som, milhares de placas, faixas e bandeiras, além de materiais impressos de qualidade, produções de TV e muitos “marqueteiros”. Isso sem falar no tempo desigual na TV e outras mídias, na constante liberação de verbas das chamadas “emendas parlamentares” para os candidatos ligados ao governo, dentre muitos outros fatores.
Nestas eleições, os candidatos do PSOL mostraram a sua diferença em relação aos demais partidos, obtendo grande quantidade de votos mesmo não se entregando às tentações do poder econômico, que muitas vezes depois cobram a fatura do candidato eleito, às custas do povo. Muitos dos que se entregam terminam por ceder às vontades do capital, especialmente o financeiro, implementando política econômica que privilegia o pagamento da dívida pública em detrimento das áreas sociais, como no caso dos últimos presidentes eleitos.
Mesmo mantendo a sua independência, o PSOL conseguiu eleger dois senadores, três deputados federais e quatro estaduais.
Uma forma de visualisarmos como seriam as eleições sem a influência do poder econômico é calcular quantos votos cada candidato obteve para cada real declarado de receitas, na segunda parcial da prestação de contas, entregue no início de setembro.

Nas eleições presidenciais, por exemplo, a influência do poder econômico é claríssima: enquanto os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas (que receberam vários milhões em doações, boa parte vinda de bancos) obtiveram menos de dois votos por real arrecadado, o candidato Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) recebeu nada menos que 19,12 votos, ou seja, foi o verdadeiro vencedor da eleição.

* Candidatos eleitos
No caso da disputa ao governo do Distrito Federal, o mesmo ocorre: enquanto os candidatos Agnelo Queiroz e Roriz obtiveram menos de 0,4 votos por real arrecadado, o candidato Toninho do PSOL obteve nada menos que 8,67 votos, ou seja, 21 vezes mais que seus adversários. Caso a eleição se desse nessas bases, Toninho seria eleito governador do DF no primeiro turno.

* Candidatos eleitos
No caso da disputa ao Senado no estado do Amapá, por exemplo, o candidato eleito do PSOL, Randolfe, obteve três votos para cada real de receitas, enquanto outros candidatos obtiveram menos de um décimo disso, ou seja, apenas 0,26 voto por real de receitas. Isso é: utilizaram recursos enormes e ainda assim obtiveram menos votos.

* Candidatos eleitos
Na disputa para o Senado no Pará, a candidata eleita Marinor (PSOL) obteve nada menos que 18,43 votos a cada real arrecadado, enquanto outros candidatos apenas obtiveram quatro votos, sendo que Jader Barbalho obteve apenas 0,76 voto.

* Candidatos eleitos
No caso da disputa para o Senado em Alagoas, enquanto Renan Calheiros obteve somente 0,73 voto por real declarado de receitas e Benedito Lira dois votos, Heloísa Helena (PSOL) obteve nada menos que 29 votos a cada real de receita. Ou seja: nesses termos, Heloísa seria, de longe, a senadora mais votada do Estado.

* Candidatos eleitos
Na eleição para deputado federal no Rio de Janeiro, Chico Alencar (PSOL) foi o segundo mais votado, e ainda teria ficado em primeiro lugar disparado caso o critério da eleição fosse o número de votos/receita.
* Candidatos eleitos
No caso do Senado no Rio de Janeiro, o candidato do PSOL, Milton Temer, foi o grande “campeão moral” da disputa, tendo obtido 19 votos a cada real arrecadado, enquanto Lindberg Faria obteve apenas um e Crivella apenas 5,61.

* Candidatos eleitos
Finalmente, no caso da eleição para deputado federal no Rio Grande do Sul, Luciana Genro também superou todos os candidatos eleitos no quesito “votos/receitas”, somente empatando com ex-goleiro do Grêmio Danrlei, pois este já era amplamente conhecido, uma celebridade. Sem a influência do poder econômico, Luciana teria mais que o quádruplo dos votos da maioria dos candidatos eleitos.
Portanto, o PSOL continua firme na luta, consciente de que cumpriu seu dever, de se manter fiel às demandas dos trabalhadores, aposentados, estudantes, sem se entregar às tentações do poder, às quais muitos não resistiram e terminaram por trair a classe trabalhadora em diversas votações do Congresso Nacional.