sábado, 16 de janeiro de 2010

Avatar

Vale a pena assistir. 3 D é um impacto. Quando a atriz Sigourney Weaner aparece na tela, no papel de uma cientista criadora do programa Avatar e defensora do povo nativo de Pandora, os na'vis, a sua sempre maravilhosa atuaçao ganha força. A floresta, os animais, as imensas forças naturais aumentam em expressividade. Álgumas cenas ficam realmente impressionantes em 3D. Não é à toa que o filme tem a segunda maior bilheteria da história. James Cameron, o diretor, se superou. O conteúdo do filme não é lá grande coisa, mas passa uma bela mensagem. O fuzileiro que entra no programa, se torna um Avatar, a mistura entre humano-Na'vo , e depois se integra na vida dos nativos e termina como eles, na luta contra os humanos invasores que destroiem a natureza para conquistar as pedras preciosas de Pandora. Esta mensagem fez com que eu e a Inez nos lembrássemos do filme Dança com Lobo. Bem, o filme termina melhor, porque a natureza vence, depois de uma revolta que une os Na'vis e as forças da natureza animal, os poderosos bichos de Pandora. Pena que na vida como ela é a natureza não toma partido, como disse a nativa que se apaixonou pelo fuzileiro/avatar, da necessária revolta dos homens e mulheres que querem defendê-la.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Solidariedade ao Haiti

A secretária internacional do PSOL está divulgando esta nota sobre o Haiti e pedindo apoio a todos.

Haiti nos chama: solidariedade incondicional e respeito à soberania do país.

No Haiti a terra sacudiu-se contra um povo digno. Chamamos todos os governos e organizações a reagir com a mesma força do terrível terremoto. É isso o que merece o povo haitiano. É preciso tecer uma autêntica solidariedade internacional em defesa deste povo, que marcou a história do nosso continente com a coragem da luta por justiça social. Um povo que, se hoje é o mais pobre da América Latina, é porque foi subjugado, levado à miséria pela espoliação sistemática de potências imperialistas. Como nunca, a solidariedade mundial com os haitianos é necessária: urge criar condições para uma reparação histórica das violências cometidas contra o país.

Imperialismo e catástrofe permanente

O Haiti viveu processos extremos ao longo de sua história. Foi o país mais rico da América Latina colonial, entre os primeiros exportadores de açúcar do mundo no século XVIII. Mas a riqueza da terra se converteu em pobreza dos homens. Os escravos africanos trabalhavam como animais para adoçar os cafés e chás europeus. Em 1792, o Haiti foi palco da primeira revolução social escrava do planeta. Foi o Haiti o principal responsável por forçar a França a abolir a escravidão em seu império. Os haitianos revolucionários de 1792 colocaram até jacobinos franceses contra a parede, e foram, por isso, nomeados de “jacobinos negros”. Constituiu-se uma corajosa e inédita “República Negra”. Em 1802, Napoleão decretou a volta do sistema escravista em suas colônias do sul. O Haiti se revoltou novamente, e em 1804 seu povo conquistou a independência política nacional. Foi o primeiro país latino americano que se emancipou (formal e parcialmente) do jugo europeu. Dessa vez, constituiu um Império.

As elites latino-americanas atravessaram o século XIX sob o fantasma da revolução escrava no Haiti. Já o Haiti atravessou o século XIX sendo assediado pelos norte americanos, que empossaram e golpearam governantes como se o país fosse um brinquedo. Depois da invasão de marines em 1888, o mais longo período de intervenção ianque durou quase 30 anos (1915-1934). De 1957 a 1986, o país foi subordinado à ditadura dos Duvalier (Papa Doc e seu filho, Baby Doc). Comandantes de tropas paramilitares aterrorizantes chamadas tonton macoutes, os Duvalier aprofundaram o quadro de miséria e violência, e submeteram o país a uma ditadura marcada por assassinatos e desaparecimentos de mais de 30 mil pessoas. Além disso, foram autores do crescimento astronômico da dívida pública do Estado haitiano, amarrando qualquer possibilidade de soberania.

Após sucessivas juntas militares provisórias de governo, Jean-Bertrand Aristide se tornou presidente em 1990. Porém foi golpeado por militares no ano seguinte. Após mais uma sucessão de golpes e contragolpes, Aristide voltou ao poder em 2001. Porém, uma onda de protestos aproveitada pelo imperialismo de Estados Unidos e França, o golpeou novamente em 2004. Desde então, há uma ocupação militar de tropas estrangeiras no país, sob o rótulo enganador de “estabilização política”.

O saldo negativo de 5 anos da “ação humanitária”no Haiti: só as multinacionais agradecem

Hoje, o Haiti possui 9 milhões de habitantes, 95% negros. 47% da população maior de 15 anos é analfabeta. Com o PIB per capita mais baixo da América Latina, o Haiti só supera alguns países da África e o Nepal. Dos 7 bilhões de dólares do PIB, 40% corresponde ao envio de remessas por haitianos que vivem no exterior, sobretudo Miami e Nova York.

A distribuição de renda é também das mais desequilibradas do mundo: os 10% mais pobres obtém 0,7% da renda nacional, enquanto os 10% mais ricos obtém 47,7% da renda. Com isso, 80% da população sobrevivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, com menos de 1 dólar diário. 75% das casas não possuem saneamento básico, mais de 60% da população não tem acesso à água potável e não há serviço de coleta de lixo. O desemprego atinge 80% da população, e o salário médio não chega a 50 dólares mensais. A taxa de mortalidade infantil é a mais alta da América Latina e somente 24% dos partos recebem atendimento médico. A expectativa de vida é de 49 anos.

Desde 2004, o Brasil possui um contingente militar no país, e lidera uma operação da ONU. Depois de 5 anos de suposta “ajuda humanitária” da Missão das Nações Unidas para Estabilização Política do Haiti (Minustah), a situação do país permanece desumanamente inalterada. As tropas azuis da ONU reprimiram duramente protestos populares, violentaram as rebeliões civis, e não produziram ações sociais e políticas capazes de redistribuir a renda e criar condições de educação e saúde no país. A prometida “estabilidade política”, ao que parece, teve uma única e exclusiva função: garantir a presença das multinacionais no país e criar novos fluxos de capital. Além de servir como cruel laboratório do exército brasileiro: um campo vivo de treinamento militar permanente disfarçado de “ação pacificadora”.

O terremoto do dia 12: converter investimento militar em investimento social e humanitário

Nesse momento, com a tragédia sem precedentes do terremoto do dia 12, urge transformar todo contingente militar da ONU em efetiva ajuda humanitária ao país. Não são necessárias armas! Violentar o povo que saqueia supermercados não é a melhor maneira de ajudar. Também não ajuda em nada “proteger os estabelecimentos comerciais” contra uma população desprotegida, faminta e pobre. É urgente enviar alimentos, água potável, roupas, remédios, e outros produtos de necessidade básica inclusive por pára-quedas. A dificuldade de se chegar ao local é um dos principais obstáculos. A situação de caos e desamparo é extrema. O povo de Porto Príncipe dorme nas ruas, com medo de novos tremores. A estimativa do presidente René Préval é de cerca de 50 mil mortos. Muitas pessoas ainda estão sob escombros e há uma quantidade indefinida de feridos.

É preciso que todo o investimento bélico brasileiro no Haiti seja imediatamente convertido em investimento social e humanitário. Essa é hoje a principal exigência que todos devemos fazer ao governo brasileiro. A ajuda internacional arrecadada até hoje corresponde a míseros 3% do PIB do Haiti. Os 500 milhões de dólares doados ao povo haitiano pelo mundo, incluindo doações civis, nem se comparam aos mais de 10 trilhões de dólares que escoaram das reservas do Governo dos EUA para salvar Wall Street da crise econômica. Exigimos que essa ajuda seja multiplicada. Que todos os países e organizações financeiras internacionais credores do Haiti anulem imediatamente as dívidas do país.

As organizações populares brasileiras, movimentos sociais, sindicatos, ONG’s também tem o dever de articular campanhas de emergência em solidariedade ao povo haitiano. O PSOL se compromete a ser solidário e ativo com todas as medidas que se tomem nesse sentido.

Fonte: Secretária de Relações Internacionais do PSOL

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PSOL - PV

Já são remotas as possibilidades do PSOL apoiar a candidatura de Marina Silva.

Por Luciana Genro, Martiniano Cavalcanti e Roberto Robaina (dirigentes do PSOL)

Desde quando o PSOL votou realizar negociações com o PV explorando as possibilidades de apoio à candidatura de Marina Silva, temos trabalhado seriamente para que as divergências e convergências entre os dois partidos sejam bem identificadas e permitam uma definição clara e correta acerca da necessidade ou não, da justiça ou não, de tal aliança para o país e para os trabalhadores. Partimos nesta busca de uma premissa que reivindicamos totalmente e não abandonamos jamais: no pleito de 2010 o Brasil necessita de uma candidatura independente que seja um contraponto à polarização conservadora do PSDB e do PT. E até aqui insistimos para que Marina Silva assuma este papel. Em parte isso é definido pelo programa, pelo perfil político e pelo c onjunto dos aliados que sua candidatura envolve.

Infelizmente, apesar de nossos reais e sinceros esforços, está ficando claro que não teremos uma base programática capaz de unir nossas forças nestas eleições. Na carta que dirigimos ao PV, o PSOL colocou como seu principal ponto de negociação a necessidade de que a candidatura Marina fosse expressão justamente de uma política independente, capaz de enfrentar a polarização conservadora entre PSDB e PT. Uma forma objetiva básica com o qual buscamos materializar a candidatura independente foi com a defesa de que os candidatos ao governo nos estados não estivessem aliados nem com o PT/PMDB nem com o PSDB/DEM. Ou seja, os candidatos aos governos tinham que expressar a independência em relação às forças de dominação do grande capital. As negociações estavam em curso. A direção do PV respondeu à carta da Executiva Nacional do PSOL declarando-se de acordo com este critério, que foi o primeiro item do PSOL. Na carta do PV, uma carta muito educada e mostrando disposição de negociação, tinha vários pontos com o qual não concordávamos, mas este ponto era claro e positivo. Dizia claramente estar a favor de candidaturas independentes em todos os estados.

Pois no dia de ontem a notícia da Folha de SP é que Gabeira será candidato ao governo pelo PV em aliança com o PSDB e com DEM. Para ser fiel ao texto, citamos: "Apontado como o candidato ideal do governador José Serra (PSDB) ao governo do Rio de Janeiro, o deputado federal Fernando Gabeira (PV) admitiu ontem a possibilidade de entrar na disputa estadual. Em reunião com tucanos do Estado, Gabeira condicionou sua candidatura à consolidação de uma aliança entre PSDB e PV do Rio. "Se todos se sentirem confortáveis, eu topo", disse o deputado à Folha. A operação conta com o aval da pré-candidata do PV, Marina Silva (AC). Grife da sigla, Gabeira ameaçava desistir até do Senado se o partido insistisse no lançamento de uma chapa "puro-sangue" no Estado. A candidatura de Gabeira é crucial para Serra por oferec er um palanque forte ao PSDB no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do país."

Bem, mais claro impossível. No dia de hoje novamente a notícia foi dada, sem desmentido algum. Assim, caso esta posição se mantenha, estaremos de fato caminhando para o encerramento das negociações entre o PSOL e o PV. Como já dissemos em outras oportunidades, a independência em relação aos projetos capitalistas representados pelo PSDB e pelo PT é uma condiçao da qual não abrimos mão. Não vamos, portanto, abrir mão do primeiro ponto que apresentamos nas negociações, ponto, aliás, com o qual o PV declarou estar de acordo. Este acordo declarado do PV possibilitou que as negociações entre PV e PSOL continuassem. Por sua vez, a confirmação da aliança de Gabeira no Rio de Janeiro, certamente, as encerrariam na prática. Não contestamos que tal aliança torna a candidatura de Gabeira forte no Rio de Janeiro. Mas uma força a serviço do capital e dos tucanos.< /span>

O principio fundamental para que a aliança ao redor do nome de Marina fosse concretizada é a viabilização mínima de uma política independente dos dois blocos de poder do capital, um controponto à polarização conservadora. Mas se no terceiro colégio eleitoral do país o PV é abertamente instrumentalizado pelos tucanos na disputa, então a independência está sepultada. Tal aliança no RJ é o símbolo deste sepultamento. Consideramos uma clara derrota que Marina não se converta em candidata independente, mas a realidade está caminhando claramente para confirmar esta derrota. Perdem os que querem uma nova política. Perde o país.

Informamos, é claro, a nossa presidente, a camarada Heloísa Helena, nossa preocupação e reflexão, que refletem a elaboração coletiva de nossas correntes. Heloísa Helena sabe muito bem conduzir este momento e temos total confiança em sua condução partidária. A reunião da Executiva Nacional do PSOL será realizada no próximo dia 21 e presidida por ela. Teremos aí a oportunidade para conversar e definir nossos rumos com toda a direção partidária. Em particular, estaremoscom nossos camaradas da APS com o qual temos trabalhado juntos até aqui e com certeza seguiremos trabalhando.

Tragédia humana

Haiti arrasado. Mais de 100 mil mortos. É impressionante e trágico. O país mais pobre da América Latina, sofrendo os desdobramentos sociais e economicos catastróficos do colonialismo - primeiro frances, depois norteamericano - e palco da exploraçao burguesa, com 80% de sua populaçao vivendo com menos de dois dólares por dia, agora sofre a catástrofe natural do maior terromoto dos ultimos 200 anos. É demais. O Haiti precisa agora de ajuda. Este país teve grandes feitos. Foi nele que a primeira revolta negra conquistou a aboliçao da escravidao. Mas a ajuda internacional que estã sendo anunciada pelos governos é simplesmente patética. A ONU diz que vai enviar 10 milhóes de dólares, a União Européia fala em 4 milhóes. Para salvar a GM em 2009 os governos do capital gastaram cinco mil vezes mais. Para salvar um banco, uma única empresa, os capitalistas franceses, ou ingleses, gastaram milhares de vezes mais. É tudo muito triste. E revoltante.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Filhote da mansão da Yeda

Infelizmente o Ministério Público de Contas anunciou ontem o arquivamento da denúncia que fizemos contra a psicóloga Tarsila Crusius, filha da governadora Yeda Crusius. A notícia da Zero Hora afirma que o procurador-geral do órgão, Geraldo da Camino, declarou que as suspeitas levantadas pelo PSOL, sobre a aquisição de uma casa comprada por Tarsila, não revelam qualquer indício de irregularidade. Mas a situação real não está. Nem foi isso o que nos disse o próprio Geraldo da Camina. Embora não nos conformamos com a decisão, sua alegação foi de que seu material era insuficiente para apresentar denúncia, mas não afirmou em nenhum momento que não há problemas.

De nossa parte nos baseamos na lei sobre enriquecimento ilícito de agentes públicos. A filha da governadora é agente público como presidente do Comitê de ação solidária. Exerce cargo sem remuneração. E mesmo assim comprou um imóvel situado em um condomínio na zona sul da Capital cujo valor foi de R$ 310 mil, entrada de R$ 150 mil. A pergunta que não calou é: com que dinheiro, de onde veio os recursos se ela não tem renda? Vale dizer que a loja da moça não garante nada. O negócio é fraco, pelo menos para permitir que uma renda como esta seja obtida. Bem, diga-se de passagem que a moça não apresentou nada em sua defesa, não foi capaz de dizer de onde tirou o dinheiro. Se você tivesse comprado uma casa – ou se comprou recentemente – certamente sabe dizer bem rapidinho de onde vem a grana. A filha da governadora não. Até agora segue sem dizer.

O Pedro Ruas declarou ao jornal que iremos até o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), João Osório.Pediremos que apurações sobre a aquisição da casa sejam prioridade nas investigações ordinárias do órgão. Vamos insistir. Para ser francos óbvio que não temos como ser otimistas com a justiça e a fiscalização pronta em nosso estado, como de resto no Brasil. Mas temos que insistir. Temos que seguir peleando. Não podemos aceitar a impunidade.

Roberto

Daniel Bensaid - Um cérebro extraordinário parou de pensar



Heloísa Helena me comunicou, por telefone, o falecimento, hoje (12 de janeiro) de Daniel Bensaid. . Heloísa o conhecia há muitos anos. Bensaid era um dos principais dirigentes do Secretariado Unificado da IV Internacional e foi um dos fundadores da Liga Comunista Revolucionária - LCR (vejam a nota da secretaria de relações internacionais do PSOL).



Sei que Bensaid lutava fazia anos contra a doença. Mas resistia e produzia de modo maravilhosamente bem. Tive o prazer de conversar um bom tempo com ele durante duas oportunidades. A primeira vez foi no Fórum Social Mundial, o primeiro deles, em 2001. Estava em meu solo, Porto Alegre. A reunião foi com ele e com Pedro Fuentes. Pedro já o conhecia, mas fazia anos que não se encontravam. Embora não fossem amigos pessoais, eram da mesma geração de militantes revolucionários dos anos 60.



Quem na verdade Bensaid conhecia muito bem era o irmão de Pedro, Luis Pujals, que foi assassinado com cerca de 20 anos pela ditadura argentina. Luis era da ala trotsquista e um dos chefes do ERP, uma das organizações da guerrilha argentina. Era, então, aliado direto de Bensaid, da sua mesma fração internacional. Bensaid, aliás, entrou algumas vezes clandestino na Argentina, no início dos anos 70, participando de plenárias e polêmicas políticas com a organização em que Pedro militava.



Pedro era da corrente de Nahuel Moreno, a mais forte corrente trotskista argentina. Pois foi com Pedro, neste momento já no Brasil, que encontrei Bensaid num café em Porto Alegre. Ele estava com François Sábado, também da direção do SU e da Liga. Eles pediram a reunião. Queriam saber nossa estratégia para o PT. Se mostraram preocupados com o curso da DS. A Democracia Socialista, corrente petista com o qual Bensaid estava ligado no Brasil e que integrava o SU, tinha peso fundamental no governo estadual petista. Nós, eu e Pedro, representávamos o MÊS, na época também uma corrente do PT. Encabeçávamos uma oposição interna minoritária no PT gaúcho, sendo muito críticos ao curso da DS. Nossa influencia mais importante era no poderoso sindicato dos professores e funcionários de escola. Nossa estratégia era de uma oposição clara e de enfrentamento com a direção. Na reunião tivemos a boa surpresa. Os franceses estavam ativos, mostravam interesse pelo Brasil e estavam críticos ao curso da DS, com muitos elementos de identidade com a nossa caracterização de que a corrente dirigida por Raul Pont e Miguel Rosseto estava se integrando no estado burguês.



Encontrei Bensaid dois anos depois. Desta vez em sua cidade, Paris. Almocei com ele e com François Sábado. Novamente a pauta foi Brasil, as relações com o PT e a DS. Era maio de 2003. Desta vez nosso esforço era para obter um apoio formal da Liga francesa ao nosso projeto de novo partido. Em janeiro, no mês da posse de Lula, caracterizamos o curso à direita irreversível do PT e do governo. Nossa estratégia de ruptura estava traçada. Heloisa Helena, que era da DS, começava seu enfrentamento com a sua própria corrente histórica. Não aceitou a indicação de Sarney como presidente do senado e a indicação de Meirelles para a presidência do Banco Central. O PT quis centralizar sua posição no senado e não levou.



O MÊS, com Luciana Genro como porta voz, assumia então como sua principal tarefa a construção de um novo partido. Tivemos na primeira hora a parceria do velho querido Babá, então deputado federal pelo Pará. Poucos estavam de acordo com nossas avaliações na esquerda brasileira. Na verdade muito poucos, um pequeno punhado. A DS estava com outra posição, totalmente diferente. Estava inclusive com um ministro – Miguel Rossetto – integrado no governo Lula. Estavam na linha firme de defesa de Lula.

Em maio de 2003 Bensaid não hesitou. Pediu que tivéssemos paciência porque eles não poderiam atuar abertamente, de público, em defesa da necessidade do novo partido porque não queriam romper totalmente seus esforços de recuperação da DS para uma linha política que eles consideravam necessária, de princípio. Deixaram claro, porém, que estavam a favor do novo partido. Foi alentador. Sabíamos neste caso que mais cedo que tarde contaríamos com o apoio dos franceses. Os mais decididos entre os integrantes do SU eram os dirigentes da Suíça, Charles Udry e o Uruguaio Ernest Herrera. Eles insistiram muito para que os franceses fossem mais decididos. A história é conhecida na esquerda. Embora não tenha sido defensora da reunião de fundação do Movimento da Esquerda Socialista e Democrática – antecessor do PSOL – realizada no Rio de Janeiro em 19 de janeiro de 2004, a Liga francesa e com ela Bensaid foram claros defensores do PSOL quando o partido foi fundado em meados de 2004.

Quando a Liga junto com outros socialistas franceses impulsionou o Novo Partido Anticapitalista na França, em 2009 – o PSOL oficialmente apoiou. Luiz Araújo, então secretário geral do nosso partido, Pedro Ruas e Luciana Genro estiveram presentes no Congresso de abertura. A DS por sua vez se retirou do Secretariado Unificado da IV Internacional. Na DS, porem, tivemos honrosas exceções. A primeira foi a própria Heloísa, impulsionadora da reunião de janeiro de 2004 e logo presidente do PSOL. Depois Mário Agra e João Machado, ambos também fundadores do PSOL, este último amigo pessoal de longa data de Daniel Bensaid.

Assim, o PSOL sente a morte de Bensaid. Nossa corrente, o Movimento Esquerda Socialista (MÊS) tem se construído aprendendo também com ele. Pessoalmente, tive a sorte de encontrar seus artigos e livros. Tenho aprendido muito com eles. Estou trabalhando num pequeno livro sobre elementos do pensamento de Marx no qual a leitura do livro de Bensaid, “Marx, o Intempestivo” foi de grande ajuda. Trata-se de um dos melhores livros marxistas sobre filosofia. Não vou dizer que concordo com tudo, mas mesmo o que discordo ou o que não me convenceu, me fez e segue me fazendo pensar. Não terminei de dialogar com este livro, e partes dele, como disse, me serviram de pontos de apoio. Não será a primeira vez que me apoio em Bensaid. Num livro que escrevi em 2003 (Uma visão pela esquerda) anotei “que a genialidade de Lênin estava precisamente em conhecer o momento do tempo em que se concentra a máxima necessidade de girar o País, de quebrar o poder burguês, uma genialidade muito bem apreciada por Daniel Bensaid em seu ensaio sobre “Lênin, ou a política do tempo partido”.”(pág 91). Continuo considerando que este artigo de Bensaid é um dos melhores – senão o melhor texto – escrito nos últimos anos sobre o pensamento de Lênin.. Foi editado em português pela Xama (Marxismo, modernidade e utopia), um livro dele em parceira com Michael Lowy. Realmente vale a pena ler este artigo e o livro todo.

Bensaid escreveu outros livros. Os que tive a chance de ler, gostei. Li um sobre a nova internacional – que não está editado em português – no qual aponta suas avaliações sobre o movimento alterglobalização e reivindica os fóruns sociais mundiais. Outro sobre o trotskismo, uma obra que eu também conheço apenas em francês. Há anos atrás li naquelas fotocópias o livro dele sobre o Maio de 68 escrito em conjunto com Henri Weber, na época também da LCR e hoje, creio, que deputado ou ex-deputado do PS francês. Também uma edição antiga me chegou às mãos de um livro sobre a burocratização da URSS e a revolução política. Trata-se de uma clássica posição trotskista. O último livro dele, pelo menos editado aqui, no Brasil, foi “Os irredutíveis”. Comprei e não li. Quando dei uma primeira folhada o livro não me prendeu. Mas com certeza foram meus olhos que não conseguiram ver. “Marx, o Intempestivo” me serviu de lição. A primeira vez que o li não consegui chegar ate o final, de forma ininterrupta. Vários meses depois, quase dois anos, mais preparado em filosofia, voltei à carga e não parei.

Bem, agora perdemos Daniel Bensaid. Infelizmente um cérebro extraordinário parou de pensar. Assim sua perda se soma a perda de outros cérebros privilegiados do trotskismo como Aníbal Ramos, Ernesto Gonzáles e meu amigo Eduardo Espósito. Seguiremos a luta de todos eles. Seguiremos o exemplo de Bensaid, de sua vida militante e revolucionária. Sua obra, felizmente, fica para nos ajudar nesta empresa. Foi uma obra fundamental. Ficam seus artigos, seus livros, e seu partido, a Liga Comunista Revolucionária e o Novo Partido Anti Capitalista (NPA). Saberemos todos – e por isso lutamos - aproveitar esta herança e trabalhar a favor dos resistentes irredutíveis.


Roberto Robaina

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Arruda...

A pizza está pronta em Brasília. Arruda, o governador-ladrão, goza do povo e usa e abusa da impunidade. Tem confiança de que nada irá ocorrer com ele no país do mensalão, do caixa dois, da justiça com Gilmar Mendes de representante supremo. Agora, começa o funcionamento da Assembléia Distrital com os manifestantes sendo expulsos da casa pela repressao da polícia militar de Arruda.
O PSOL esteve desde os primeiros dias na linhas de frente dos protestos. Mas a Assembléia tem o jogo jogado, com a maioria dos deputados envolvidos nos escändalos. Por isso o presidente e o relator da comissao parlamentar de inquérito foram secretários do governo atual.
Assim, a nao ser que as mobilizações assumam uma proporção mais pesada, Arruda se manterá no cargo até o final do mandato. A bem da verdade, o governo federal, se realmente tivesse interesse em combater a corrupção, teria que decretar uma intervenção federal em Brasília. Mas isso está totalmente fora da pauta de Lula. Afinal, segundo as palavras do próprio Lula, os vídeos não falam por si mesmo. Imaginem se falassem...

O começo...

Terminaram as férias. Foram curtas. Começaram no dia 23 de dezembro e se encerraram hoje, segunda feira, dia 11 de janeiro.
Hoje começo a escrever no blog. Este é o seu primeiro texto. A partir dele dou um novo passo para ter uma participaçao mais ativa na guerrilha na internet. Me estimulei a entrar nela porque muitos já estão. São os guerrilheiros que nadam na contracorrente da midia patronal e dos governos ditatorias. Estamos com eles.
Estamos com os que garantem a divulgaçao das mobilizaçoes contra a burocracia que governa a China com mão de ferro.
As mobilizaçoes sao ainda pequenas, mas existem, e sobretudo mostram que as maiores contradições estão a nossa frente. Também estão na guerrilha, com imensa coragem, os jovens que divulgam as cenas das manifestaçoes contra a ditadura no Irã. Eles filmam com celulares, do jeito que podem, entre uma bomba de gás e tiros de armas de fogo que matam o positores que não aceitam uma teocracia reacionária que reprime a juventude e as mulheres, entre tantos outros.
Alto lá! Não se confunda com o que escrevo. Não pense que encontrará aqui notas de apoio aos capitalistas que atacam o governo do Irã por seus laços de apoio à causa palestina e suas açoes de solidariedade com Bolívia e a Venezuela. Aqui se separa o joio do trigo. Este blog é entusiasta da defesa do bolivarianismo e da causa palestina. Viva a causa Palestina!E entusiasta das mobilizações que iniciaram em Seatle, em 1999 e continuam até hoje, como as de Copenhague.
Então, caro leitor, vamos adiante. Aqui, em nossa terra, há motivos de sobra para entrar nesta.Quem como eu leu a Folha de SP um dia destes neste final de ano viu o editorial da Folha defendendo simplesmente a extinçao do MST. Sim, isso mesmo, a extinção. O pior é que tem gente que apoia. Vamos adiante, então, ao combate. Ao combate sempre. Para defender a saúde, a educaçao, a segurança para todos, a ética, a dignidade, a cultura, a vida melhor e arrancar alegria ao futuro como ja dizia o poeta.
Para fechar quero dizer que sem a Pati, Patrícia Lucero, este blog nao existiria. Foi ela que correu atrás e o colocou no ar.
Até logo a todos.
Roberto

Programa Psol 2010

Isso é que é resposta...