sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pernas para o ar

Meu telefone celular está sempre ligado. Assim é impossível, literalmente, ficar o dia todo sem trabalhar. Mas hoje, apesar disso, posso dizer que tomei o dia para descansar, de pernas para o ar. Precisava de um dia inteiro para defender a própria saúde. Passei a maior parte do tempo lendo. Ando às voltas com o livro "Visão a partir de lugar nenhum" de Thomas Nagel.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dubai identifica Mossad

O serviço secreto do Estado de Israel, a Mossad, foi quem preparou e executou o assassinato do líder palestino ligado ao Hamas, ocorrido em janeiro, em Dubai. Esta é a conclusão da polícia de Dubai, cuja investigação revelou a participação de cerca de 18 pessoas no assassinato de Mahmoud al Mabhouh. O líder palestino envolvido na resistência estava ligado aos serviços militares do Hamas. O Estado de Israel adotou todos os métodos ilegais nesta execução antecedida por tortura, com seus agentes usando passaportes falsos da Inglaterra, Irlanda, França e Alemanha. A ilegalidade da operação foi tão evidente que os governos destes países europeus chamaram os respectivos embaixadores de Israel para dar explicação. Sabemos, porém, que Israel não se incomodará em simplesmente dar de ombros ao problema. O Estado de Israel já é especialista em atuar como estado terrorista, em guerra permanente de extermínio contra o povo palestino. Assim, o que se presencia hoje em Gaza, por exemplo, são situações similares as vivida pelos judeus no gueto de Varsóvia durante a Segunda Guerra.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Polêmica entre Niall Ferguson e Martin Wolf

O Financial Times tem sido o palco - reproduzido na Folha de SP - da polêmica entre dois intelectuais orgânicos da classe dominante. Wolf critica Ferguson porque considera que o professor está fazendo o jogo dos conservadores ao prever que os EUA seguirá a Grécia em sua crise de inadimplência. Numa das criticas sustenta que os dados de Ferguson de que a dívida púbica federal norteamericana excederá o PIB em 2012 é falso. Wolf cita um professor de Berkeley que diz que a mesma será em torno de 70%. Considerando que o PIB dos EUA está em torno de US$ 15 trilhões, podemos de fato concluir que é uma montanha de dívida. E que as pressões e incertezas acerca da capacidade de pagamento se farão sentir em algum momento. Mas segundo Wolf o argumento de que a crise grega atravessará o Atlantico não passa de histeria.
No posicionamento de Wolf existe uma defesa explícita do política fiscal adotada durante a crise pelo governo Obama. Completamos, aliás, o aniversário do pacote fiscal de US$ 787 bilhões que ajudou bancos, empresas, seguradoras, etc. Foi um clássico pacote keynesiano. Seja dito que ainda tem setores da esquerda que negam o caráter keynesiano dos atuais planos, caracterizaçao oposta aos fatos.
Segundo Wolf, a posição de Ferguson visa criticar esta política fiscal sustentando uma política irreal - dos republicanos dos EUA - de alicerçar a defesa contra a crise apenas na política monetária. Os republicanos querem tirar proveito do descontentamente popular com o pacote e ganhar as eleições legislativas de novembro. Nisso tudo Wolf tem também toda a razão. Sem o pacote fiscal o regime do capital entraria numa depressão pior do que a de 1929 nos EUA. Quando os capitalistas do partido oposicionista burguês não dizem isso é porque estao simplesmente mentindo. Os socialistas que não estão interessados em defender o capital podem denunciar tal plano, nao eles. O aprendizado burguês de economia mais claro no século XX foi: seguir os conselhos de Keynes de promover a dívida pública quando a redução de juros não é suficiente. Nos EUA claramente nao era; os juros ja eram baixo antes da crise de 2007 estourar e o tamanho da crise derrubou qualquer possibilidade de investimento privado pesado sem o empurrão fiscal. O que Wolf porém tenta esconder é que a dívida federal é um fator de instabilidade. Neste sentido a crise grega não é um evento isolado. Nao existe almoço grátis keynesiano. E Ferguson nisso está mais certo do que Wolf ao comparar os EUA com a Grécia.

PC do B em dúvida

`Podemos até apoiar o PT no Rio Grande do Sul, como podemos apoiar o Beto ou o Fogaça. Não existe definição` – diz Frasson, presidente estadual do PC do B, segundo reproduz a coluna da jornalista Rosane Oliveira no Zero Hora de hoje. O PC do B teria que se explicar melhor. Como já estou há um tempo nesta vida de luta política, conheci muitos militantes e dirigentes combativos e inteligentes deste partido. Desde os tempos do julinho, já se vão 27 anos. Agora, por exemplo, militantes do PC do B estavam entre os operarios da Randon que foram reprimidos pela polícia em Caxias do Sul. Mas ao mesmo tempo não posso deixar de ser sincero: o PC do B é realmente incrível quando se trata de política eleitoral sem princípios. É verdade que o leque amplo de opções que colocam o PC do B em dúvida pode fazer-nos pensar que Tarso, Fogaça e Beto são políticos que representam a mesma coisa. Até aí, a lógica pode ser reforçada com o argumento de que os três apoiam o governo Lula e são de partidos oficialmente da base do governo federal. Mas é esta semelhança que deixa o PC do B em dúvida? Creio que não. Não é de hoje que a história de alianças deste partido mostra que sua escolha não está levando em conta nem programa, nem perfil de campanha, nem objetivos de construção de um espaço social maior para suas propostas, mas mera e exclusivamente cálculo acerca da melhor parceria para tentar eleger parlamentares. No caso do RS, eleger dois deputados federais e um deputado estadual. Este é o velho PC do B que já apoiou e participou do governo estadual de Mão Santa, aliado de Sarney no Piauí, e de Marconi Perillo, quando era governador de Goiás pelo PSDB. O PC do B em seu oportunismo eleitoral tem mesmo que cuidar para nao fazer o cálculo errado. Afinal, em Porto Alegre, depois de se aliarem com os amigos do neoliberal Antônio Britto e ter o senhor Berfran Rosado como vice de Manuela - Berfran que logo depois das eleições foi para o secretariado da corrupta Yeda Crusius - o PC do B nao logrou eleger nenhum vereador. O PPS entrou com os seus votos.
O PSOL, como todos sabem, entra na luta para construir seu espaço e lutar por melhorias reais na vida do povo com uma política independente e de combate: com Pedro Ruas de governador

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Segue sem conclusão investigação sobre a morte de assessor especial de Yeda Crusius ...

No dia 17 de outubro de 2009, a revista Isto É publicava a seguinte matéria:
O empresário Marcos Cavalcante disse à revista Isto É que pretende reabrir a investigação sobre a morte de seu irmão, Marcelo Cavalcante, ex-assessor da governadora Yeda Crusius (PSDB), encontrado morto no Lago Paranoá, em fevereiro deste ano, em Brasília. “Meu irmão não se suicidou, ele foi assassinado”, diz Cavalcante. No início deste mês, o Ministério Público do Distrito Federal concedeu mais 90 dias para que a Polícia Civil investigue o caso.
Pois todo este tempo passou e hoje faz exatamente um ano da morte do assessor especial de Yeda Crusius em Brasília, peça chave para revelar os esquemas de corrupção no governo tucano gaúcho. Muitos devem estar lembrados que foi em função desta morte que eu, Luciana Genro e Pedro Ruas apresentamos nossas denúncias contra o governo. Afinal, uma testemunha chave que sabíamos estava com o acordo da delação premiada em curso morreu em condições misteriosas.
Pois um ano passou e ainda não há uma conclusão sobre a causa da morte. Vale lembrar que Arruda comandava a Polícia Civil do Distrito Federal que, depois de um ano de investigações ainda não conseguiu finalizar o inquérito sobre a morte de Marcelo Cavalcante. Ainda na semana passada a delegada encarregada do caso afirmou que estava inclinada a aceitar a hipótese de suicídio, no que foi contestada pelo pai, os irmãos e a mulher da vítima. E sobretudo pelo Ministério Público Federal que não considera os elementos suficientes para esta afirmação. Nós não esqueceremos esta morte. E seguiremos acompanhando o caso, exigindo o total e cabal esclarecimento sobre o desaparecimento deste que era um arquivo dos esquemas do governo Yeda.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Atenas, Lisboa, Madri...

Niall Ferguson em artigo para o "Financial Times" e reproduzido pela Folha de SP de domingo, 14 de fevereiro, afirma que a crise da dívida soberana que está atingindo os países do sul da zona do Euro, com destaque para a Grécia, não ficará restrita aos mesmos. Irá atravessar o Atlântico, cedo ou tarde. Tudo está relacionado com o imenso déficit fiscal dos países capitalistas, produto do socorro necessário para provocar demanda no sistema. O modelo keynesiano não é grátis. Em algum momento a dívida é cobrada. "Para os EUA, o maior devedor do mundo, o dia do pagamento parece reconfortantemente distante", diz no artigo. Mas a segurança dos títulos norteamericanos é tão grande quanto Pearl Harbor era em 1941, afirma o autor. Com uma dívida que se aproxima de US$ 15 trilhões, isso implica em US$ 300 bilhóes de custos de juros a mais por ano e o montante que tudo isso precisa ser pago irá chegar. Vale a pena ler o artigo. Aliás, o quadro indica que na Grécia, país em que ocorreram mobilizaçoes revolucionárias importantes nos últimos meses, certamente vai conhecer novas lutas de massas contra a tentativa de fazer com que os trabalhadores paguem pela crise. A atual greve nacional do funcionalismo público é apenas uma pequena mostra do que virá.