segunda-feira, 5 de abril de 2010

MP, polícia, CPI, assassinato e corrupção

No RBS notícias apareceu entrevista do vereador Pedro Ruas explicando a necessidade da CPI para investigar os desmandos na secretaria da saúde da capital dos gaúchos, particularmente sobre os 10 milhões que foram roubados da cidade de Porto Alegre na gestão de Eliseu Santos. Todos sabem que Eliseu foi assassinado em fevereiro. Lideranças do PSOL, a começar por Luciana Genro e pelo próprio Pedro Ruas, falaram e escreveram que se tratava de um crime por encomenda. A jornalista da Zero Hora, Rosane de Oliveira, disse a mesma coisa. Mas no dia seguinte mudou de idéia e passou a reproduzir a tese do latrocínio. Propagaram esta tese não apenas os policiais envolvidos na investigação, mas também o senhor diretor da Polícia Federal do Rio Grande, Ildo Gasparetto.
Pois o MP Estadual declarou que não foi latrocínio. Foi crime por encomenda, vinculado com a empresa de segurança, a tal de Reação. A investigação do MP provocou uma reviravolta no caso. O PSOL nunca tinha se convencido da tese da Polícia mas não tinha força tarefa, nem instrumentos, nem poder para questionar. O MP tem. E questionou. A empresa Reação era gerenciada por gente ligada ao crime, e tinha entre seus funcionários vários bandidos, bandidos mesmo, com passagem pela cadeia por todo o tipo de crime. É incrível. A tal de Reação chegou a fazer segurança até da Polícia Federal. "Cuidava" dos postos de saúde na gestão de Eliseu. Alguém, por favor, pode explicar o que é isso? O sujeito que ia ao posto de saúde podia ser assaltado. E de fato, na gestão de Eliseu, os cofres da cidade foram roubados em cerca de 10 milhões de reais. Neste caso pela ação do instituto Sollus, que gerenciava os postos de saúde. Isso já está provado. Além da Sollus tinha esta tal de Reação. Quem, por favor, vai me defender que esta gestão do secretário foi eficiente e ilibada? A CPI, portanto, é o mínimo que a Câmara deve fazer e Pedro Ruas está coberto de razão ao insistir no assunto. Ainda bem que agora a RBS teve que lhe dar a palavra. Aliás, façamos justiça com o jornalista André Machado que está pedindo, desde seu blog, CPI já! Parabéns André.
Além de pressionar pela CPI, vale torcer para que o MP possa ter mais elementos que ajudem a desmontar a quadrilha de criminosos que por uma razão ou outra mandou matar o secretário. Seria bom, aliás, que estas razões fossem mais bem esclarecidas. A Procuradora Lúcia Helena sustentou que foi por vingança, o que concordo, mas agregando uma linha de raciocínio da qual desconfio equivocada segundo a qual o secretário não aceitou as falcatruas da empresa, mandou terminar o contrato e bloquear os recursos da Reação. Este seria o motivo da vingança. Mas este é apenas um raciocínio. Se a procuradora seguir trabalhando talvez encontre relações entre a vítima e seus algozes que hoje ainda não estão claras. O certo é que tanto o instituto Sollus - que provocou um prejuízo comprovado de 10 milhões à cidade de Porto Alegre - quanto a empresa Reação, que tinha entre seus funcionários inúmeros bandidos, foram contratadas pelo então secretário da saúde. Seria uma boa começar a responder por que foram feitas estas contratações. Certamente o vereador Pedro Ruas e outros irão atrás destas e de outras perguntas que ainda sequer foram feitas.

3 comentários:

  1. Meu querido Roberto, como sempre a lógica objetiva da esquerda esta presente nos teus artigos. Realmente acredito que se for comprovada o envolvimento da vítima com seus matadores será possível explicar o porque de sua morte. Sei que é público e notório que depois de morto todo mundo vira santo, então vamos investigar o porque do Sr Eliseu ser morto e onde estão os milhões desviados de verbas que deveriam ser da saúde do povo de Porto Alegre.

    ResponderExcluir
  2. Não somente o fato do possível envolvimentos de seus matatores mas também da linha de investigação adotada pela Polícia Civil do RS. Mesmo havendo esses taís mais de dez possíveis motivos do latrocinio. Vamos acordar...

    ResponderExcluir
  3. Marcelo e Fátima, concordo com vocês. E obrigado Fátima, grande amiga que ajudou no combativo movimento estudantil da PUC nos anos 80. Bem, nesta questao da saúde e do caso Eliseu, realmente temos que fazer um esforço gigantesco para fazer valer alguma lógica nesta história toda. Realmente, acho que é preciso uma CPI dos vereadores e acho que nela se poderia saber mais coisas que ainda estão abafadas.

    ResponderExcluir