sexta-feira, 18 de junho de 2010

Como chegamos a isso?

Reproduzo abaixo um artigo de Luzia Hermann, companheira que vive no vale do Taquari e dirigente sindical, publicado na Zero Hora do dia de hoje. No artigo ela fala sobre a violência nas escolas.
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Como chegamos a isso?
Por Luzia Herrmann*

Sabe, às vezes nos sentimos impotentes diante de tantos problemas, preconceitos, descaso... diante de tanto jogo de interesses que, na grande maioria das vezes, não têm o ser humano como foco das preocupações e das ações.

Sou professora aposentada, 57 anos, casada, três filhos, uma neta; alfabetizadora durante anos, formadora de professores de nível médio em Curso Normal, militante sindical desde a década de 70, vejo, com muita apreensão, a forma como são abordadas questões fundamentais para o bem-estar da sociedade. Há temas que se transformam em “moda” e estão na mídia, quase que diariamente. O bullying, como se referem, agora, às diferentes formas de agressão, é um deles. Nós denunciamos isso há muitos anos, nas escolas, nas famílias, nas mais diferentes instituições e classes sociais.

A escola é um lugar onde “explodem” esses problemas, pois a criança vem de casa com toda essa “bagagem”. E o professor? Como está essa “pessoa”? Qual a sua situação de vida? Saúde física e mental? Como poderá enfrentar todos os desafios que se apresentam? Quem lhe dá suporte?

Caso a defesa do professor venha do sindicato, dizem que é corporativismo. Nossa classe já não aguenta mais. Não é por acaso que há laudos “pipocando” nas escolas. É muita pressão! Esse adolescente que rouba é culpado? Quem é culpado? Existem culpados! Como localizá-los? Que ações deverão ser implementadas para minimizar a desgraça da população: drogas, valores distorcidos...?

Família educa! Professor ensina!

Esse adolescente é um problema não só dessa professora, mas da escola, da família, do bairro, da cidade, do Estado, do país, enfim, de um sistema que tomou conta da sociedade como um todo, em qualquer lugar do mundo, em todas as classes sociais.

Somente quem está nas escolas pode avaliar o que significa conviver com todas as dificuldades que lá existem, de toda ordem. Agora, ano eleitoral, é revoltante ouvir discursos que têm solução pra tudo.

Ou mudamos a forma de encarar a vida humana, ou a barbárie se instala de uma vez por todas.

Neste desabafo, quero dizer que muitos de nós estamos trabalhando pelo bem das pessoas. Nós, professores, queremos trabalhar em boas condições, com segurança, com conhecimento de causa e que os alunos aprendam, pois é para isso que existe nossa profissão.

*Professora aposentada

Um comentário:

  1. Caríssimo Robaina

    Parabéns por postar esta matéria com a Professora Luzia Herrmann aprendi muito e muito vou pensar mais qdo se tratar do modelo de educação e sociedade que queremos.

    Saudações socialistas da companheira Vivi e familia

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