sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quantas ilusões querem vender

Não tenho acompanhado diariamente a atuação do PSOL nacional nem a situação política nacional como costumo fazer. Parece mentira, mas estou totalmente envolvido na atividade política - neste caso a campanha eleitoral - e no entanto não consigo acompanhar o debate político como gostaria. As panfletagens, entre outras tarefas, consomem nosso tempo. Não pude, por exemplo, ter uma visão geral da participação dos candidatos à governdo pelo PSOL no primeiro debate da Band. Tudo bem, acabo me politizando num contato político diário com o povo que apenas grandes lutas sociais ou uma campanha eleitoral proporciona. Mas assisti de perto pelo menos o debate no sul, em Porto Alegre, na disputa pelo governo gaúcho.

Estive junto com Ruas, nosso candidato. Assumi a tarefa de acompánha-lo na preparação do debate e adentrei no estúdio como assessor nos intervalos de cada bloco. Gosto da tarefa. Já tinha assumido a mesma função na eleição da prefeitura de Porto Alegre quando o PSOL teve Luciana Genro de candidata, em 2008, e eu mesmo fui o candidato a governador pelo PSOL em 2006. Não quero aqui fazer um balanço geral do debate. Apenas pincelo algumas coisas: a)Fogaça foi quem se saiu pior. Apanhou de Tarso, do PT, quando este questionou a participação do PMDB no governo Yeda e de Ruas, quando o candidato socialista questionou a operação abafa de Fogaça contra a CPI da saúde na capital. Fogaça teve vários pontos baixos e nenhum alto; b) Yeda Crusius saiu feliz porque ficou em pé. Ruas denunciou seu envolvimento como ré nas falcatruas do Detran, mas a candidata do PSDB manteve-se numa aparência equilibrada numa demonstração de sua capacidade de representar um personagem que nega sua natureza desequilibrada várias vezes constatada. Levando em conta as circunstâncias, comemorou. Ruas seguirá nos próximos debates apontando o dedo para a candidatura dela verdadeiramente ficha suja; Veremos como se sairá das próximas investidas c) Tarso ganhou sobretudo porque Fogaça perdeu. Apenas Pedro Ruas teve condições de polemizar com o candidato petista, mostrando que a EC 29 nao é regulamentada porque o governo federal não quer. Ou seja, fala em verbas para a saúde mas não garante estas mesmas verbas quando está em seu alcance. Tarso também se saiu muito bem quando desmontou Fogaça por seu apoio a Fernando Henrique e a Lula ao mesmo tempo, neste caso, segundo Tarso, apenas para pegar carona na popularidade do governo. Mas em relação a Tarso, seu ponto mais fraco foi no início do debate, quando sua política de propaganda central foi explicitada: a ideia de que o Brasil está progredindo, cada vez melhor, e que o Rio Grande necessita avançar para a mesma direção. É incrível, porque trata-se da maior mentira que foi dita em todo o debate. Tal mentira se compara com Yeda dizendo que não tem nada que ver com a corrupção. A ideia de que o Brasil está bem, de que a renda está sendo distribuída pode até servir para o discurso eleitoral do PT quando uma parte do povo está anestesiada depois das desilusões provocadas pelas traições do próprio PT. A Tarso não lhe falta inteligência. Mas eles, os representantes do PT, decidiram vender ilusões. Querem falar de um país que não existe. No Brasil real sabemos que o desamparo de milhões de pessoas de nosso povo não está sendo sequer amenizado. Nem pequenas reformas sérias estáo sendo feitas. A crise ecomomica mundial do regime capitalista apenas dá o sinal da gravidade da situação não apenas do Brasil, mas do mundo todo. Numa situação tão grave, o pior serviço tem sido feito por aqueles que querem dar tranquilizantes falsos para o povo.

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