Na sua autobiografia Nelson Mandela diz: "Dizem que ninguém conhece de fato um país se não esteve dentro de suas prisões. Um país não deve ser julgado pelo seu modo de tratar seus cidadãos mais superiores e sim pelo jeito de tratar os mais inferiores; e os sul-africanos tratavam seus cidadãos inferiores como animais" (página 168, editora Siciliano).
Minha experiência nas prisões é pequena. A primeira vez que visitei uma foi quando tinha 13 anos. Fui entrevistar o jornalista Flávio Alcaráz Gomes que estava preso no Central de Porto Alegre condenado por assassinato. Me lembro de atravessar os corredores longos do Central e chegar numa cela especial, pequena, com um televisor, uma cama, um escritório. Hoje este presídio, creio, é o campeão nacional em superlotação: são mais de 4000 presos quando a capacidade máxima seria para algo em torno de 1500.
Três anos depois, quando estava com 16 anos,eu mesmo conheci uma prisão de menores quando a polícia me jogou numa cela imunda depois de reprimir um protesto estudandil que eu ajudava a coordenar. 25 anos depois visitei junto com Luciana Genro e Pedro Ruas o presidio de menores - este é o conteúdo real - da Fase na frente do Beira Rio. Uma situação absurda, um descaso com crianças e jovens, jogados sem assistência, na sujeira, sofrendo maus tratos em celas pequenas com 4, 5 jovens cada, dormindo apertados em colchões - quando os têm - sujos e rasgados. Mandela, lenda ainda viva, pode ter certeza que no Brasil os presos são tratados sim como animais. Atualmente o país tem mais de 500 mil, a quarta população carcerária do mundo em crescimento de 10% ao ano.
Quem quiser conhecer mais a luta em defesa dos direitos civis e contra esta barbárie que representa o sistema carcerário brasileiro pode entrar em contato com o deputado Marcelo Freixo do PSOL do Rio de Janeiro, principal liderança partidária nesta questão e uma dos principais defensores dos direitos humanos do país.
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