terça-feira, 20 de julho de 2010

Cazuza

A burguesia fede, a burguesia quer ficar rica...É incrível como Cazuza foi expressão na arte do ascenso operário, popular, camponês e juvenil da década de 80. Tive a sorte de ter recebido a energia revolucionária do início dos anos 80 e das lutas democráticas que derrotaram a ditadura militar. Comecei a militar neste período. Hoje tive uma recaída saudosista ao visitar o sindicato dos bancários de Porto Alegre. Nesta campanha eleitoral, na condição de candidato a deputado estadual, esta energia ainda me dá força para enfrentar em período mais difícil, de menor mobilização e efervescência social do que anos como 1984 ou 1989, para citar dois anos de muito peso. Ao mesmo tempo algo maior, mais profundo, embora de contornos ainda pouco claros, está ocorrendo. O PT já cresceu, se expandiu e já faliu como projeto de transformação radical e revolucionária da sociedade. O PT, que nos anos 80 era um projeto alternativo, hoje é a máxima expressão da estabilidade do regime burguês. E a burguesia continua fedendo. Agora o PT a sustenta. Este fato pode ser visto por dois ângulos. Por um lado, mostra a força da burguesia, que corrompeu e trouxe para seu lado uma força política que expressou o que existiu de mais progressista em termos de organização político social dos tempos cantados por Cazuza. Ao mesmo tempo, por outro lado, pode ser lido como a fraqueza da burguesia que se viu obrigada a recorrer ao partido surgido no interior das fábricas, das universidades e comandado por pessoas que beberam do movimento marxista (embora desde o início a burocracia sindical teve ainda mais peso, uma das explicações fundamentais de seu curso posterior). Creio que a realidade carrega ambas as leituras. O interessante é que o tempo não pára. Estamos num período de transição. E vejo que há uma parte de nosso povo, no solo gaúcho, que reconhece no PSOL um lugar de resistência e de manutenção das idéias e da tradição da esquerda. Luciana Genro tem sido a personificação desta resistência. Ela foi a porta voz do movimento do qual tenho orgulho de ter sido fundador. Se conseguirmos - e conseguiremos - nos manter como um pólo de referência dos ideais socialistas- no próximo ascenso do movimento operário, popular, camponês e juvenil, o PSOL será a expressão política dos cazuzas que cantarão os novos tempos. E na construção destes novos tempos não repetiremos os desastres do PT (no PSOL o comando não está com a burocracia sindical e antimarxista). E estou convencido que serão tempos muito mais revolucionários do que os mais revolucionários dias de nossas vidas até então. É para eles que estamos nos preparando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário