domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quando a dívida dos EUA for cobrada...

Não me lembro de cabeça em quanto está a dívida pública dos EUA. Mas economistas e jornalistas econômicos discutem se daqui a dois anos, em 2012, ela estará no montante do PIB ou mais ou menos em 70% deste tamanho. Estamos falando de algo em torno de US$ 15 trilhões, ou seja, tudo o que os EUA produz num ano e dez vezes mais do que o Brasil produz. Isso é o tamanho da dívida. Quem sustenta estes títulos, além da burguesia norte-americana, são sobretudo os chineses - no caso o governo - os burgueses árabes e japoneses. São os que emprestam para os EUA, que colocam seus recursos no tal de porto seguro. Mas o dólar não está tão firme assim.
Quando a instabilidade for maior, esta dívida será cobrada. Será o momento do grande colapso, quando a crise grega atravessar o Atlântico. Quanto tempo vai demorar? Esta é a incógnita, mas está claro que a fatura virá em algum momento, cedo ou mais tarde. No artigo de hoje do Paul Krugman, reproduzido pela Zero Hora, o prêmio Nobel deixa claro que a crise fiscal dos EUA é preocupante. Ele relata que os republicanos desde os anos 70 reduziram impostos como parte do plano de reduzir o tamanho do Estado, a tal doutrina neoliberal, agrego eu. Como não tinham tanta força para cortar abertamente áreas sociais, reduziam os impostos. Bem, se sabe que nos EUA há uma corrente de opinião reacionária com força que defende o Estado mínimo e o domínio do mercado e das corporações privadas em áreas na qual o Estado tem obrigação de atuar bem. É o que explica a resistência para se construir nos EUA um plano de saúde pública, um SUS com recursos. Chamam Obama de socialista por isso.
Quando os republicanos governaram - com Reegan e os Bush - os impostos da classe média alta e dos ricos foram reduzidos. Ao mesmo tempo aumentaram os gastos militares. Clinton dos democratas também manteve estes gastos. Agora, com a recessão econômica, e a obrigatória - do ponto de vista dos interesses do capital - ajuda aos bancos e às grandes empresas, a crise fiscal aumentou muito. Diante disso, as pressões para que os gastos sejam cortados aumentam. Obama chamou uma comissão bipartidária para discutir o assunto. Os republicanos se fingem de morto e não querem discutir o que cortar. Eles que defenderam durante anos cortes na área de saúde, agora dizem que não se pode tocar no assunto. Os democratas vão ter que se virar sozinho. Esta é a reclamação de Krugman, um simpatizante aberto do partido democrata. E agora? Obama vai cortar gastos sociais? Como não tem cortado os gastos de guerra e como teve que ajudar bancos e empresas, a dívida pública não para de crescer. Além do que aumenta a idade dos norte-americanos.
Bem, o certo é que a situação está complicada. Se Obama empurrar com a barriga, a crise será transferida e aprofundada para o próximo presidente. Nao sei se a economia suporta esta manobra, até porque os chineses estão reduzindo sua exposição ao dólar. Se Obama começar a atacar os trabalhadores, seu desgaste será certo. Nisso apostam os republicanos que cinicamente não apóiam qualquer corte. É isso que Krugman reclama. É o famoso se correr o bicho pega se ficar o bicho come. O certo é que nos EUA está se gestando uma crise de grandes proporções. Poderia ser diferente? Do ponto de vista econômico o déficit público poderia ser reduzido se parassem com as guerras - Obama aumentou as tropas no Afeganistão - se aumentassem os impostos das grandes fortunas, se taxassem pesadamente as empresas poluidoras, enfim, se reordenassem totalmente a economia do país no sentido do controle público da economia e das finanças. Mas a classe dominante yanque não tem planos deste tipo. Querem seguir no papel da polícia do mundo. Isso vale para o partido democrata. E obviamente para o partido republicano.

Um comentário:

  1. Boa tarde. Moro em Tramandaí e gostaria de me filiar em Tramandaí. Como procedo? tenho planos para minha cidade e o partido q mais me identifico com a ideologia é o PSOL. AGuardo retorno abraço.

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